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Falando sobre o HPV

O Papilomavirus humano (HPV) é um vírus que infecta o epitélio da pele e das mucosas de homens e mulheres de todas as idades. A infecção genital pelo HPV é muito comum. Estima-se que no mundo, cerca de 25 a 50% de todas as mulheres estejam infectadas pelo HPV, sendo que metade das primo-infecções ocorrem em jovens entre 15 e 24 anos. Existem mais de 150 subtipos de HPV, sendo que 40 deles acometem os órgãos genitais. As regiões mais atingidas são o colo do útero, ânus, vulva, pênis, vagina, além da cavidade oral e orofaringe.


Quando uma mulher se depara com o diagnóstico de HPV, a primeira reação é de choque. Afinal, é ou não é uma DST? Como é que eu peguei o HPV? A primeira resposta é sim, o HPV é um vírus cuja principal forma de transmissão é a relação sexual. Mas ter sido infectado pelo HPV é muito comum! O importante é diagnosticar e entender o vírus. A seguir, discutiremos sobre algumas dúvidas frequentes:


Como ocorre a transmissão do HPV?


A transmissão do HPV ocorre principalmente pelo contato com a região infectada. O HPV é altamente contagioso, sendo possível contrai-lo já na primeira exposição ao vírus. A relação sexual é a principal forma de transmissão, sendo que qualquer contato íntimo é capaz de disseminar o vírus (exemplo, sexo oral). Existem outras formas menos frequentes de contágio, como a transmissão vertical durante o parto. A transmissão através de objetos contaminados (toalhas, vaso sanitário) é controversa.


Quais são os sintomas do HPV?


A maioria das infecções pelo HPV é transitória e assintomática. Cerca de 70% das pessoas infectadas pelo HPV irão clarear o vírus no primeiro ano, e até 90% das pessoas irão clarear o HPV em até 2 anos. A persistência e progressão do vírus para lesões precursoras de câncer depende de fatores individuais, como a imunidade e subtipo do HPV. A infecção pelo subtipo 16, por exemplo, tem maior chance de persistência e progressão para lesão precursora.


Cerca de 10% das pessoas vão evoluir com a infecção persistente. Em algumas pessoas, o vírus pode permanecer "adormecido" (latente) dentro da célula por meses ou anos, sem causar nenhuma manifestação. A diminuição da resistência do organismo pode desencadear a multiplicação do HPV e, consequentemente, provocar o aparecimento de lesões. As lesões causadas pelo HPV podem ser clínicas, como as verrugas genitais (condilomas), ou subclínicas (não visíveis a olho nu), que podem ser identificadas através de exames como o Papanicolau e a Colposcopia.


Como faço para saber se tenho HPV?


Como veremos a seguir, não existe tratamento para exterminar o HPV do organismo. Dessa forma, a pesquisa de HPV será realizada somente para diagnóstico e seguimento diante de lesão suspeita. Não é possível realizar culturas para pesquisa de HPV. A pesquisa do DNA do HPV pode ser realizada através de exames de biologia molecular como o PCR e a captura híbrida. O mais importante não é procurar a presença do HPV, mas sim das suas manifestações. O diagnóstico das manifestações clínicas (verrugas genitais) pode ser feito através de um exame realizado pelo Ginecologista. Já as lesões subclínicas podem ser diagnosticadas através de exames complementares como a citologia (Papanicolau), colposcopia e/ou vulvoscopia com biópsia.


Qual o tratamento do HPV?


Não existe tratamento para o HPV propriamente dito. O tratamento indicado pelo Ginecologista deverá ser voltado para as manifestações da paciente, e devem ser orientados de acordo como o tipo de lesão encontrada.


Como posso me prevenir?


Ainda que não seja 100% eficaz, o uso de preservativo reduz o risco de contágio pelo HPV. Na presença de infecção na vulva, na região pubiana, perineal e perianal ou na bolsa escrotal, o HPV pode ser transmitido apesar do uso do preservativo. A camisinha feminina, que recobre também a vulva, pode evitar o contágio de maneira mais eficaz, se utilizada desde o início da relação sexual.


Outra forma de se prevenir, é realizando a vacina contra o HPV. Atualmente, existem no mercado duas vacinas (bivalente e quadrivalente) que protegem contra os principais subtipos do HPV. Falaremos dela em detalhes no próximo artigo.


A realização de exame ginecológico periódico e coleta de citologia cervical não previne a infecção, mas possibilita a detecção de lesões precursoras que podem evoluir para câncer.


Concluindo


Apesar do HPV ser um vírus muito prevalente em homens e mulheres com vida sexual ativa, ele pode ser causador de doenças potencialmente graves (câncer de colo do útero, vagina, vulva e ânus) e que podem afetar a auto-estima da mulher. Como o HPV é um vírus extremamente contagioso, deve-se lembrar sempre de usar preservativo em todas as relações e realizar o seguimento ginecológico periódico para avaliar a presença de lesões clínicas e subclínicas do HPV. Como sempre, prevenção é fundamental!

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